domingo, 26 de dezembro de 2010

Noite Feliz



Que não falte uma boa degustação,
uma singela purificação etílica
e, no tom da camaradagem, sinceros olhares, uma bela canção.
Quem sabe ainda caia, como chuva fina, uma serena e sincera oração.
Tão rara raridade
nessa era incolor de veias vaidosas,
tão escassa de versos sinceros,
organicamente ascéticos,
animosamente contemplativos.

Que a noite do Amor, do Sorriso e da Flor
se faça presente nessa constelação,
palco sagrado do mais belo tom,
da percepção da calmaria consagrada
da qual se fez a nova bossa,
sem carma, sem troça,
semente da mais pura ternura
de olhares serenos;
Aqueles que em qualquer momento universal
dão vida e alimentam o autêntico espírito
da mais nobre entre todas as noites:
a noite da suprema harmonia.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Leve como o vazio

Toda poesia vazia
seria a verdadeira poesia?


Mesmo na ausência de tudo,
no mais pleno vazio,
o nada não há.

Assim, o que há
é o verbo plenamente
encantado,
um ritmo restante
flutuante, vibrante
na mais fina tonalidade,
sem massa,
em todos os tons:
O poema original.

Assim, de ser haveria
que toda Poesia fosse vazia.
Vazia de tudo. Leve,
sem pretensão de pesar,
sem pretensão de ocupar.

Sempre sem pretensão...

…a poesia deve sempre,
qualquer que seja a sua força,
ser capaz de voar,
fugir para o infinito
fugir...
levando para lá
almas, mentes e corpos
que na leitura já flutuam.