Ao caminhar pela extensão de uma praia,
imensa e deslumbrante, me deparei com o próprio tempo
materializado na imponência de lares omitidos,
de abrigos antigos, consolidados, repletos de uma beleza esquecida,
entorpecidos, abandonados.
Abandono. Esquecimento. Saudade. Retorno.
Restauração: é preciso reencontrar a beleza, de fato, obscurecida,
jamais perdida, jamais esquecida, contraponto de uma rejeição.
Por isso, um inesquecível elemento da mémoria,
desde a partida,
quase perdida.
Fugidio conto deste livro de histórias.
Dentre todas,
a mais forte razão
entre duas vidas,
alma a alma,
a derradeira intenção.
Uma coragem pra tudo,
desmedida,
um amor infinito
acasalador
de toda uma trilha,
um impulso cósmico,
um reconhecido universo.
Um teto, uma casa, um lar,
uma pousada para todo o passado
que não se deve e não se quer,
definitivamente, apagar.
Pois nunca houve
absoluta e resoluta razão
para tão pungente deserção, descomunal abdicação,
riscoso desabrigo, tremido repúdio,
audaciosa e lancinante,
insensata desproteção.
Ou quase não. Se não fosse
por uma necessária e imprescíndivel,
revigorante e indispensável,
distinta reformulação.
Venturosa aprendizagem.
Mais sagrada, mais nobre, mais forte
que a destrutiva entropia. Flexa do tempo.
Quase reversibilidade. Resgate de tudo aquilo que é bom,
uma nova pintura, uma cor de esmeralda, uma restauração.
Residir, vestir, viver.
Resta saber, quem a habitará
com o corpo e a alma,
reassumí-la, redecorá-la, renová-la com
flores, epístolas e mobílias restauradas
cujas pétalas, linhas e teclas
ainda não foram
devidamente
tocadas.
Mais uma utopia para este tão factual e reiterado dia?
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