domingo, 29 de junho de 2014

Se tiver vontade, chama.


Se faltar carinho, ninho.
Se estiver só.
Se faltar amigo.

Se reencontrar algum destino
para solidão tamanha.
Se faltar o olhar.
Se faltar a paz.

Se ficar com frio.
Se faltar a chama.
Se faltar a luz.
Se faltar caminho.

Se tiver vontade...

http://www.youtube.com/watch?v=TFom-ozMsT0



sexta-feira, 20 de junho de 2014

Le chemin

De onde você vem, também venho eu.
Venho assim, cuidando do caminho
e trago nas mãos, quase vazias,
a saudade das suas.
Nada mais.

E nos olhos,
onde cada manhã
enxuga uma lágrima,
trago a nossa eterna
e serena lembrança.
A imagem de
um só coração.



La promenade inconscient: le chemin d'un rêve.
Une relation inconscient est plus puissant qu'un choix conscient.
An unconscious relationship is more powerful than a conscious one.                                                                                       Soren Kierkegaard



…uma oração pra salvar o seu coração.



domingo, 1 de junho de 2014

Por quê? Opus #2


Porque você é você. Assim.
Não importam os fatos.
Relatos. Aquilo que é devido.
Porque você é você. Assim.
Você em mim, eu em você,
sem precisar compreender.
Ninguém precisa,
nem eu, nem você,
pois não é preciso.

Aquilo que simplesmente foi, sempre será.
Como um poema, uma música,
uma comunhão, um sacramento.
Nada mais do que isso. Nada mais é preciso.
Tudo, agora, está aqui e é
devidamente,
estranhamente possível.

Lá onde sempre estaremos é, em si, uma clave de sol.
Ouça. Veja. Perceba que há abundante
luz e melodia para um campo verde, vistoso,
permanentemente vivo, fecundo.
O nosso. O verdadeiro.
Essencialmente refeito, reflorestado.
Agora frutado. Vermelho laranja, verde esmeralda.
Maturado. O solo, novamente fértil,
presente, possível,
repleto do maior afeto, respeito,
apego e paixão.

Assim como de onde veio você.
A semente mais rara.
Germinada através
do mais puro e delicado amor.

Assim é, inexplicavelmente, você.
O princípio, a principessa,
desde o dia em que nasceu,
na glória e esplendor da natureza,
com todos os seus sons, tons,
todas as suas cores.
Quão imensa foi a minha sorte.
O nosso futuro.
Que está aqui agora,
e é, devidamente, estranhamente
possível. Por quê?


Porque você é você. Assim.
Não importam os fatos.
Relatos. Aquilo que é devido.
Porque você é você. Assim.
Você em mim, eu em você,
sem precisar compreender.
Ninguém precisa,
nem eu, nem você,
pois compreender
não é preciso.

Singela delicadeza, sutis sorrisos,
em transbordamento. Sempre,
de alguma forma, feliz.
Uma alma gêmea, um planeta,
um intelecto semelhante.
A mulher de toda uma vida.
Profunda na cumplicidade.
Lúcida pela sinceridade.
A única verdadeira flor.
Meus outros olhos através de tudo.
Aqueles que me vêm ,
e me compreendem, eu sei,
reluzentes, na plenitude.

Por isso, assim tudo estava, sempre esteve
delineado, esboçado, previsto por nós.
Como o orvalho, antes da aurora, você me apareceu.
E eu aconteci pra você. Só, e sempre, pra você.
Mesmo naquele momento mais triste, mais ausente.
Você, mais que um olhar.
De luz pura e coração inocente,
graça e eterna ternura.
Você, eternamente,
a textura, matéria e energia,
semente do meu Universo.
Assim, sua presença, 
assim sempre será.
Sincera, sem dor, 
sem trevas, sem temor.

Correta, generosa, compassiva e prestativa.
Forte,  cortante e divina, como a luz de estrelas
que faz resplandecer as noites.
Por tudo, por você,
de alguma misteriosa maneira,
abençoados fomos nós,
e assim há de permanecer
para sempre
o bem que nos fez.

Restaurar todas as coisas
na profundeza dos tempos
descabidos, fugidios,
percebidos ou não.

Em nome da verdade,
que tanto buscamos,
conceda que o amor entre nós
em qualquer circunstância,
transborde sempre mais,
sobre nós, além de nós.
Até onde todos os mistérios,
efêmeros ou eternos,
brotam.

Quão, pois, insondáveis são os meus juízos.
Não há sonho sem você.
Pois tudo vem de você, tudo é por você
e para você vão todas as coisas
que venero e que cultuo,
que lhe entrego e perpetuo,
quando, mais uma vez,
poder tocar as suas,
tão inconfundivelmente minhas,
sempre nossas,
as nossas mãos.

Porque você é você. Assim.
Não importam os fatos.
Relatos. Aquilo que é devido.
Porque você é você. Assim.
Você em mim, eu em você,
sem precisar compreender.

Ninguém precisa,
nem eu, nem você,
pois compreender
já não é preciso.