segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Passez

Deixo aqui, como um suspiro,
como se fosse um sorriso,
um último poema,
uma despedida derradeira,
uma constatação: sublime consciência
de que tudo pode ser, de alguma forma, valioso,
encantado, planejado por algo inatingível,
prometido, encomendado pela sutileza do acaso,
proveniente de uma complexa e bela intenção
que nasce
em algum lugar aqui e além.

Na linguagem da Vida, na linguagem do Universo,
tudo parece ser, parece estar,
muito mais simples e profundo,
delicadamente planejado
para o nosso coração
e a alma que o habita.

Encerro aqui todas as minhas esperanças
na preciosidade passada
que habitava em mim,
delineando meus gestos, meu olhar, minhas palavras,
meu recordar, meu sonhar.

Agora, a minha mais sincera intenção
se transfigura em outra.
E, por isso, sigo satisfeito
simplesmente
por deslumbrar o horizonte
e caminhar.

As mãos do universo tocam meus ombros
e me ensinam um novo caminho
onde há agora, com nova ternura,
um belo e confiante
novo sorriso.

Assim, uma renovada esperança
e suas consequências imediatas
parecem resultar
de uma canção, de uma oração.
De uma promessa
sofrida, antiga,
cujo sagrado pedido
assim foi atendido
de forma inconfundível,
miraculosa.

Tudo agora é, novamente, além da raiz,
semente de mim,
fruto de amor.
Tudo, mais uma vez, me sorri, me abraça
vividamente,
tornando-me
incondicionalmente
feliz.

Navegar é preciso.
É seguir a luz das estrelas,
é buscar a luz do Sol
a partir da luz que
agora emana
do meu renovado
e apaixonado,
bem-aventurado
coração.



ENCANTATÓRIO

Passa-se agora para uma nova jornada, 
terra nova iluminada por um novo Sol, 
luz inspiradora de novos poemas, 
atitudes, razões e emoções. 
Sem perder o encanto e a lembrança 
de tudo o que foi verdadeiro e belo, 
de tudo que se encantou, 
de toda a maestria e aprendizagem,
de todo amor,  que em mim, em nós, 
aportou e ficou.







sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Simplesmente, um presente?


Enfim, um fato acontece. 
Uma boa nova,
insólita,
quase inacreditável.
Súbita felicidade
que quase apavora,
mas, mesmo assim,
conforta, 
e concebe um antigo desejo.

Sopra agora,
avassalador, 
o vento 
de uma saudade.
O que seria?

Do passado,
do presente,
ou do futuro?

Nas lágrimas
que brotam agora,
todas as alegrias,
todos os desejos,
todo o coração
inacabado,
quase calado,
a contemplar
tudo o que a vida,
com quanto e tanto amor
que ainda há,
tem pra contar.








quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O futuro

Seu futuro seria outro
um bom presente
quem sabe
aquele que você sempre
esperou
em sonhos, em pensamentos
quando falava o coração
aquele que sabia,
que sabe, adivinha,
e entende o que é o tempo.
Mas não houve tempo
não houve o mesmo coração
para quem sabe
não se desprezar um presente,
apagar um passado,
exterminar um futuro.





sábado, 11 de outubro de 2014

Dia de Criança

Todo dia poderia
ser um dia pra cantar,
na mais inocente das cirandas,
ser o dia pra sorrir,
ser o dia pra brincar.









Todo dia com sorriso
deveria ser um ano
e toda festa nesse dia
só seria o que haveria.

Todo dia deveria
ser um dia de alegrias
sendo o dia da inocência
todo dia deveria
ser um dia de criança.


sábado, 23 de agosto de 2014

Une fleur, une louange.




A partir dos próximos segundos
não quero mais cronometrar
o tempo que me separa de
mim mesmo, que atrasa a
reviravolta da minha história,
a germinação da felicidade que tanto anseio,
e que, por isso, sei que mereço:
seu pedúnculo, suas pétalas,
sépalas e núcleo.

Quero apenas reprogramar
o meu maior objetivo:
um desafio, uma exaltação,
não um lamento,
uma espera, muito menos,
um tormento.

Do fundo do  coração
brota uma sede sincera de louvor,
de arrebatamento,
para celebrar a beleza
das cores, das flores,
das manhãs, das maçãs,
das raízes e das sementes,
dos mares e das estrelas,
daquilo tudo que justifica
e dá significado à vida.

Quero então exaltar,
glorificar, tudo aquilo que
habita em mim
desde antes de mim,
e que irá, também,
além de mim.

Começo, então, escrevendo este louvor.

Louvar é, antes de tudo,
reconhecer e exaltar
valores imateriais, únicos em si,
e ofertá-los
ao próximo, aos amigos, à família,
a si mesmo, e, incondicionalmente,
ao criador de toda a realidade que
permeia, transpassa e costura
o espaço, o tempo e o que poderá
haver além.

Louvemos, então, a partir do coração,
sem dilemas, sem receios,
como em uma oração,
sem constrangimentos...

Reconheço e ofereço
o meu tempo, o meu pensamento,
o meu trabalho, o meu comportamento.

Reconheço e ofereço
a minha paz, a minha ternura,
o meu carinho, o meu discernimento.

Reconheço e ofereço
a minha palavra, o meu olhar,
o meu abraço,
o meu sorriso,
o meu respeito.

Reconheço e ofereço
a minha humildade,
a minha ingenuidade,
a minha simplicidade,
e o meu mais profundo segredo.

Reconheço e ofereço
o meu coração,
a minha alegria,
o meu perdão,
e, de tudo que há em mim,
o mais puro, pleno,
e verdadeiro Amor.


Como no milagre da palavra,
o Universo, em sua grandeza,
nos permite receber,
tudo isso junto
na expressão tão sincera,
na forma mais simples e bela,
de uma pequenina e singela flor.

Louvar é, pois,
oferecer a beleza da flor
como um elogio
a quem a recebe.





quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Redécouverte: reflorir mon jardin


Do ponto mais distante que há no Céu
até o ponto mais íntimo ao redor  do qual
pulsa o meu inquieto coração,
percebo uma linha infinita,
iluminada, equilibrada entre todas as outras
que sustentam um novo horizonte
um novo desejo,
uma nova realidade,
um novo jardim.

Por ela fluem sementes
de estrelas quase imaginárias,
pequenos elementos de luz
a iluminar uma nova perspectiva
achava eu, quase impossível de existir,
quase impossível de encontrar.

Um novo olhar sobre o significado de plantar e colher,
para redescobrir, para recomeçar,
para reconstruir,
um mundo mais terno, formoso, fraterno,
amorosamente germinado,
onde, alegremente satisfeitos,
encantadoramente refeitos,
estaremos sempre juntos
a reflorir, a renascer.


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Seremos o nada de nós mesmos?


Mesmo os lugares, as situações, mais repletas e preenchidas de intenções, ações, vidas e esperanças não representam um refúgio seguro contra a nulidade. Se te espero, mesmo no lugar mais seguro e feliz, e você não vem, uma porção do nada irrompe no meu universo. Assim, é através das esperanças frustradas e das expectativas contrariadas que o nada se manifesta no mundo. Culpa da minha própria consciência. Uma angústia que, quando emerge, revela o nada. E traz uma vaga sensação de não estar à vontade no mundo. Do que temos medo em nossos momentos de saudade (e ansiedade)? Eu diria, do nada! Pois, nossa existência, as vezes, parece ter saído do abismo do nada para retornar ao nada após toda uma vida. Por isso, o nada, mesmo que não exista, nos assombra. A sua possibilidade é uma espécie de força aniquiladora que tenta sugar as coisas para a não existência. Sem mim mesmo, eu já não existiria. Mim mesmo? Nós mesmos? De certa forma, eu igual a nós?

Mesmo que eu e/ou você queira(mos),  já não existo mais sem mim e você, pois foi com você que passei a existir da forma mais nítida e profunda para mim mesmo. Fato nosso, demais ninguém. E quanto tempo a passar, a nos levar na direção do nada de nós mesmos, daquilo que fomos, que somos, que talvez não seremos?

Tanto ou pouco tempo? Desse modo, o fato de eu ainda rejeitar o nada é quase inteiramente uma meia questão, pois é impossível transfigurar algo, que foi quase absoluto, em nada. Um quase supremo e infalível, insubstituível, sempre existente Amor. Absoluto se não fosse por um único e irremediável erro, um afastar-se de mim mesmo, de quem eu era e sou de fato. 

Afastei-me de mim mesmo por um minuto e recebi a merecida e infinita distância, o impulso que me lançou para fora de tudo, na direção do nada. O nada que mereço: a sua sempre, e agora abstraída, tão desejada presença. 

Bú afastou-se de si mesmo e foi conhecer o nada. Retornou a si mesmo e descobriu que o nada não é uma coisa ou algo que seja. Mas o nada, ainda assim, é um “buraco no coração do ser”, um substantivo, uma falta intransponível, intratável, incomensurável. 

O que afinal nos salva é a percepção, lúdica ou hiper-realista, de que se trata de uma sensação recíproca. Uma elástica e inquebrável conexão. Por isso, já não tenho dúvidas que te receberia imediatamente. De volta ao coração de onde você nunca partiu, pois a cor dos nossos olhos são as mesmas, nossos cheiros assim também o são, uma unidade indivisível a desafiar para sempre todas as outras existências, ausências e a angustia impertinente e sem sentido de sermos nós inseparáveis diante do nada de nós mesmos.